07/11/2008

Obstáculos enfrentados por esportistas amadores


Quem pratica esporte amador é penalizado duas vezes. Primeiro tem de tirar dinheiro do bolso para se inscrever nas competições. Segundo tem que comprar equipamentos necessários para treinar e competir.

Um exemplo é Uri Valadão, 23 anos, o bodyboarder, que reúne títulos como: tricampeonato brasileiro, bi latino-americano e um pan-americano. Ele conta como sofreu com a falta de patrocínio no início de sua carreira, “Fiquei durante muitos anos competindo com dinheiro de minhas premiações dos campeonatos”, desabafa.

Jacy Souza, 42 anos, atleta treinada por Marcelo Affonso da Run club, pratica o atletismo há 27 anos. Ela trabalha dois turnos e a noite cursa administração com comércio exterior. Amante do esporte ela confessa não ter condições de abandonar o trabalho para viver apenas do atletismo.

“Jogador de futebol fica milionário, já o atletismo no Brasil é muito fraco. Todos os dias, antes do meu ganha-pão, corro alguns quilômetros pelo amor que tenho ao esporte”, lamenta Jacy.

O triatleta e professor Lindolfo Pessoa, o Jonga, diz que hoje, as empresas buscam apenas o lucro e não investem na trajetória do atleta. Só patrocinam profissionais que estão no ranking. “Se o esportista não tiver uma boa estrutura financeira desde o início da carreira, acaba deixando o esporte antes de se profissionalizar”, completa.

Foi pensando nessa escassez de patrocínio que o Governo do Estado criou o programa FazAtleta. O esportista interessado corre atrás de uma empresa de médio ou grande porte e o Estado a isenta de impostos. O percentual do valor que seria pago nesta taxa é destinado para o patrocínio dos atletas.

Mas o programa tem algumas falhas, como lembra Jonga. “A maioria dos atletas anônimos que não tem acesso a mídia, uma boa rede de relacionamentos, conseqüentemente, não conseguem uma empresa para obter patrocínio. Acaba sendo muito burocrático", confessa.

Sandra Midlej, a Sandrinha, triatleta há 17 anos, afirma que sofreu com a visibilidade que a mídia oferece à sua modalidade esportiva. “No início de minha carreira foi muito difícil à imprensa ir cobrir uma prova. Nós que tínhamos que ir ás redações dos jornais para divulgar nossos resultados e levar nossas fotografias”, lembra a atleta que atualmente recebe ajuda do FazAtleta.

A falta de patrocínio, de espaço na mídia e a ausência de equipamentos são os principais obstáculos, porém a determinação dos esportistas a garra e boa vontade dos técnicos conseguem, juntos, reverter este quadro e levar os atletas mundo a fora para participar das competições.